quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Mortificação





Minha alma desfalece pouco a pouco, esvaindo-se tão lentamente quanto é possível para fazer me doer mais. E meu pulso enfraquecido torna a querer sumir, pois não há mais quem me levante ou que estenda a mão. A solidão me derrete as carnes, mói os ossos e dilacera qualquer vontade de permanecer nesta vida desafortunada, neste mundo visceral e doentio. E desfaleço possuído pelas mais loucas alucinações, caindo para sempre no meu próprio silencio, o silencio de um ser corroído pela decadencia. Apenas me resta jazer à sombra de uma sepultura secreta, tentando esconder dos outros o vazio que percebo ao lançar um olhar profundo sobre mim mesmo. Apenas me resta esperar que meu corpo também vire pó, como aconteceu com a minha alma há muito tempo...
(M.L)